O melhor lateral-esquerdo de todos os tempos

Recebi, na tarde de segunda-feira dia 31 de maio de 2010, um texto sobre Nilton Santos. Esperava anciosa para ler tal artigo, em que ele fala sobre Gilda ( apelido de Heleno de Freitas na época ), Ghiggia e claro, o time que o acolheu em seus anos de ensinamentos.
Sobre Ghiggia ( carrasco brasileiro na Copa de 1950 ), ele é bem direto. "Comigo em campo, o Brasil podia até perder a final, mas não com um gol do Ghiggia. Eu seria a sombra dele". Dois anos depois da fatídica final, ele e Ghiggia se enfrentaram "Dei chapéu, rolinho, fiz o diabo. Ele era ruim demais", acrecentou o melhor lateral-esquerdo de todos os tempos.
O técnico de 1950, Flávio Costa, não o colocava como titular. Ele era simplesmente o reserva do lateral-deireito. Sobre isso Nilton fala: " Só na cabeça do Flávio mesmo. Ele não entendia nada de futebol e não gostava de mim. O Flávio entrou para a história como o treinador que mais apanhou de argentinos e uruguaios. Pode ver a estatística. Enquanto ele comandou a Seleção, nós fomos fregueses de Argentina e Uruguai". E finaliza: " Se eu encontrar o Flávio no céu, vou dar uma porrada nele". É sem dúvida alguma uma lenda viva do esporte brasileiro!
Mas o que mais me chamou a atenção foi uma crônica sobre uma partida, não disputada pelo Botafogo, mas que ele ainda guarda na memória. Reproduzirei em completo:

"Tio!Tio!Ô, Tio!
Nilton Santos caminhava pela praia de Copacabana, na altura do posto 12, e nem deu muita bola para o chamado. Achou que não era com ele. Não podia ser mesmo. Tio? O craque bicampeão do mundo pela Seleção Brasileira, 26 vezes campeão pelo Botafogo, jogador de tantas glórias, o primeiro lateral ofensivo da história, não podia ser simplesmente Tio. No máximo, Nilton. E, de repente, ele se lembrou daquela vez em que Vicente Feola, técnico da Seleção Brasileira em 1958, berrou do banco de reservas: " Volta Nilton, volta cacete, volta Nilton, cacete... Gol, Nilton, Golaço". Nilton ria, passeando pela praia.
Tio?Tio?
Era com ele mesmo. Não podia ser, mas era. Tá certo que ele já estava longe dos gramados havia alguns anos - e olha que Nilton jogou até os 39 -, mas a garotada da praia andava mal informada. Não era capaz de reconhecer Nilton Santos? Pelo visto, não. E dá-lhe Tio, tio, tio...
Vencido, o "Enciclopédia" olhou de lado. Um garoto magrinho, com seus 12, 13 anos, repetiu: Tio!
- O que é, garoto?
- Dá pra inteirar o time? É que aqueles "cara" ali ( o menino apontou para cinco garotos ) estão me desafiando para um rachão. Aceita?
Nilton olhou os "cara", mais velhos que o magrelinha ao lado dele. Topou. Seu companheiro de time, como um autêntico Feola, foi logo avisando:
- Olha, tio, é só ficar parado, atrapalhando, que eu resolvo.
Nilton pensou: o molequinho aí acha que é o Pelé. E sugeriu:
- Faz o seguinte: fica plantado lá na frente que eu roubo a bola e lanço. Vamos dar de goleada. O garoto pensou: o tio aí acha que é o Pelé.
Começa o rachão. O adversário vem pra cima de Nilton. Ensaia um drible da vaca. A vaca vai pro brejo. Nilton rouba a bola e faz um lançamento para o seu companheiro. Gol. Novo ataque. Outro adversário vem pra cima de Nilton. Balança, ginga, pra lá, pra cá... Nilton recupera a redonda, dribla o segundo adversário, o terceiro, e empurra a bola para o gol.
E o jogo segue assim: firulas de um lado, Nilton resgata a bola e coloca o "Feolinha" na cara do gol. Placar final? "Nem me recordo. Foi uma das maiores goleadas da minha vida", conta Nilton Santos.
Quando o jogo acabou, o companheiro de Nilton lembrou-se:
- Tio, qual é mesmo o seu nome?
- É Nilton. Nilton Santos.
- Nilton Santos?! O "Enciclopédia do Futebol"?! Então, tá. Se você é o Nilton Santos, eu sou o Pelé. Tchau, tio. "

O garoto, até hoje pode até não saber com quem ele estava ali. Na certa não acreditava que de maneira tão normal um ídolo do futebol brasileiro e do Botafogo pudesse conviver com as pessoas. Mas o certo é que, mesmo parado e aposentado, Nilton nunca conseguiu esquecer sua grande paixão: o Futebol!

Saudações alvinegras a todoos ;*

( Créditos à Lílian Alcântara por ter lembrado de mim e me mandado esta bela reportagem )